O Autocuidado e a sua relevância para a Saúde Psicológica

“Autocuidado não é egoísmo”.

O nosso dia-a-dia é, habitualmente, bastante exigente, levando a que exista uma tendência para nos sentirmos preocupados, stressados e bastante sobrecarregados (mais vezes do que aquelas que gostaríamos de admitir).

Nestes momentos, existe uma inclinação em cada um de nós para desvalorizar o próprio cuidado e dar prioridade às nossas tarefas e responsabilidades, mesmo quando existe sensibilidade para perceber que é precisamente nestas fases mais desgastantes que é necessário cuidarmos e dedicarmos algum tempo a nós próprios.

Neste sentido, é aconselhável fazer algum exercício de reflexão regularmente para percebermos o que estamos a fazer no presente para cuidarmos de nós mesmos, de modo a confirmarmos se o estamos a fazer da melhor forma ou se seria benéfico modificarmos alguns comportamentos ou pormenores na nossa rotina que nos permitiriam sentirmo-nos melhor.

Mais do que um prémio merecido pelo nosso contínuo esforço diário ou excecional, o autocuidado constitui um elemento fundamental para preservarmos relações adequadas com aqueles que nos rodeiam e, principalmente, connosco mesmos, ajudando-nos a mantermo-nos mais saudáveis de um modo geral.

Assim sendo, o autocuidado compreende um leque de atividades que decidimos realizar, numa base frequente, e que contribuem para sustentar ou melhorar o nosso bem-estar e a nossa Saúde Psicológica, assim como para gerir os desafios diários de um modo mais equilibrado.

Por outras palavras, o autocuidado são pequenos miminhos que damos a nós mesmos e que nos fazem sentirmo-nos melhor de um modo geral, mais tranquilos, satisfeitos e felizes, ajudando-nos, igualmente, a recuperarmos energias e a ganharmos forças para enfrentarmos o dia-a-dia.

De facto, os comportamentos ligados ao autocuidado contribuem para prevenir e reduzir o stress e a ansiedade, o que permite melhorar o nosso processo de tomada de decisão, assim como favorece o aumento de produtividade, energia, confiança e autoestima.

Alguns exemplos de comportamentos de autocuidado são:

  • Reservar algum tempo do seu dia, diariamente, para realizar atividades que o/a fazem sentir-se feliz e relaxado/a (p. ex., ver um filme ou série, ler, meditar, ouvir música);
  • Fazer escolhas saudáveis (p. ex., fazer exercício físico regularmente, manter uma alimentação saudável, manter bons hábitos de higiene do sono);
  • Conviver com as pessoas de quem gosta (p. ex. familiares, amigos).
  • Falar sobre aquilo que sente com alguém em quem confia ou com um Psicólogo/a qualificado/a, permitindo-lhe criar um momento só para cuidar de si próprio/a e abordar aquilo que o/a preocupa e/ou perturba.
  • Criar um equilíbrio entre as responsabilidades e tarefas profissionais e as pessoais.

Contudo, é importante realçar que o tipo de comportamentos e a quantidade de tempo dedicados ao autocuidado não são iguais entre todas as pessoas e divergem entre indivíduos, assim como diferem consoante a fase de vida em que cada um/a se encontra e as necessidades que tem naquele momento. Independentemente das necessidades de cada um/a, é importante dedicarmos algum tempo no nosso dia-a-dia para cuidarmos de nós mesmos. O autocuidado deve tornar-se um hábito e um elemento fundamental na nossa vida.

As ações de autocuidado que decidimos introduzir nas nossas vidas permitem-nos ampliar o nosso bem-estar, contribuindo assim para gerar sentimentos de felicidade e favorecer uma ligação mais saudável com os que nos rodeiam e com o mundo em geral. Do mesmo modo, estes gestos de autocuidado reforçam a nossa resiliência, tornando-nos assim menos vulneráveis e mais capazes de ultrapassar dificuldades e momentos de crise.

Gestos tão simples e banais como hidratar as mãos ou o corpo com creme poderão ser ações de autocuidado e um sinal de amor e de gratidão pelo nosso próprio corpo que nos acompanha todos dias, e uma demonstração de que queremos cuidar de nós da melhor forma que nos for possível.

Posto isto, pode começar já hoje a cuidar de si, inserindo no seu dia-a-dia pequenos gestos que o/a fazem sentir-se tranquilo/a, satisfeito/a e/ou feliz. Pode, ainda, planificar estes momentos de autocuidado, introduzindo-os gradualmente na sua agenda, para que não se se esqueça de cuidar de si e acabem, eventualmente, por fazer parte da sua rotina.

Referências: texto elaborado com base em artigos publicados pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2020.

Fotografias por ordem de visualização: Madison Inouye,  Artem Beliaikin, Elle Hughes & Hassan OUAJBIR.